O Anacoreta

Até meados de Agosto estarei aqui e aqui. Se houver Sol, posso ser encontrado aqui.

Foi tudo uma questão de quilos:

"O acidente ocorreu no dia 8 de Março de 1989, cerca das 15H00, durante a instrução da especialidade de sapadores do 1º T/89, ministrada pelo 2º Sarg. de Engª Nóbrega e ocorreu pela deflagração de uma mina anti-carro m/974-2, real.
A deflagração deu-se pelo facto de o 2º Sarg. Nóbrega, durante a instrução, ao pretender convencer os instruendos de que a mina não rebentava com o peso de um homem, visto só rebentar com uma pressão superior a 300 Kg., saltou sobre a mesma, já espoletada e já armada;
Porém, contrariamente a tal indicação, esse tipo de minas explode a uma pressão entre 150 e 200 Kg., o que veio a acontecer; da deflagração resultaram ferimentos graves para o instrutor - dos quais veio a falecer -, e ferimentos menos graves para todos os soldados recrutas instruendos."

Porque é que em vez de perdermos a tramontana por F16 de sucata, não gastamos muito menos em aviões que nos fazem realmente falta?

Porquê?

It took the power of three Commodore 64's to go to the moon, but it takes a Pentium IV 2.65 MHz to run Windows XP... Something is desperately wrong here.

... 97% da água do planeta é água salgada? E que, de toda a água disponível, apenas 1% é potável e utilizável para se beber e regar na agricultura?

... em 2005, faltará água em algumas áreas criticas do planeta? E que, em 2025, dois terços da população mundial terão faltas crónicas de água?

... mais de 2 biliões de pessoas não têm acesso a água potável? E que mais de 4 biliões não têm água corrente em casa?

... nalgumas partes de África, mulheres e crianças carregam até 20 litros de água por vezes durante mais de 5 horas, de uma nascente até à sua casa enquanto que no mundo industrializado uma casa de 5 pessoas usa em média 640 litros de água por dia?

Não sabe o que fazer para tranquilizar a criancinha que tem medo ao escuro?

Tranquilize-se, a solução está aqui.

... em 2005 existirão 315 milhões de computadores obsoletos em todo o mundo? O lixo gerado por eles terá 600 milhões de quilos de chumbo, 1 milhão de quilos de cádmio e 200.000 quilos de mercúrio – todos metais pesados extremamente tóxicos.

... por cada tonelada de papel que é reciclado, salvam-se 17 árvores, poupam-se 21.000 litros de água, reduz-se a poluição atmosférica em 30 quilos e evitam-se 2,3 metros cúbicos de desperdícios?

... até ao final deste século as temperaturas médias do planeta terão aumentado em 5.8ºC e o nível médio do mar terá aumentado 90 cm?

... os gases responsáveis pela destruição da camada do ozono permanecem activos na estratosfera durante 111 anos e que, até agora, desapareceram 10% da camada de ozono do planeta?

... se o que tiver para o jantar não puder ser frito em banha de porco, então é porque não só não vale a pena cozinhá-lo, como também ingeri-lo.

... que o uso do vernáculo é sinal dos tempos?

... aquilo que eu queria dizer sobre o anúncio da EDP, disse-o o Cidadão Livre.

Todos temos a certeza da nossa mortalidade até darmos o nosso primeiro beijo ou até bebermos o terceiro shot de vodka.

Agora que descobri isto, acabaram-se-me os problemas com a minha vida amorosa.

Graças ao ADN, soube-se hoje que o Lince Ibérico ainda se está a cagar para o País.

... um condutor de Banguecoque passa o tempo equivalente a 44 dias por ano preso em engarramentos de trânsito?

... 80% dos carros são propriedade de 20% da população do planeta?

... existem mais carros na cidade de Los Angeles do que em toda a Índia, China, Indonésia, Paquistão e Bangladesh juntos?

... num percurso de 5 km, um carro emite, por passageiro, 10 vezes mais dióxido de carbono que um autocarro e 25 vezes mais que um comboio?

Acto I

Imagina uma estrada. De terra batida.

Estamos em Agosto, no auge do verão.

Faz calor.

Muito calor.

Ao longo da berma da estrada de terra, coberto de pó, caminha um americano.

Cansado.

Com sede.

Farto de tanto andar a pé, no meio de nenhures.

De repente, alucinante, passa um Mercedes SLK. Novo. Daqueles com ar condicionado e estofos em pele de arminho. E, o americano, coberto de pó e cheio de sede, enquanto observa o carro que ao longe se esfuma, pensa consigo:

- um dia, eu hei-de trabalhar tanto que terei dinheiro suficiente para comprar um carro daqueles!

Acto II

A mesma estrada.

O mesmo dia.

O mesmo pó.

Mas, desta vez, a nacionalidade do homem não é a mesma. Este nosso protagonista é português. Nado e criado em terras lusas.

E eis que surge o mesmíssimo Mercedes de há pouco e que, de igual modo, lança pó e mais pó por sobre o pobre andarilho.

E que diz o nosso herói, enquanto vê o bólide a sumir-se no horizonte longínquo?

- cabrão, oxalá te espetes na primeira azinheira que encontres!

... consumir carne de frango em vez de carne de vaca significa exercer 15 vezes menos impacto ambiental por cada unidade consumida?

... em 2005, existirão mais pessoas a viver na cidade que no campo, a nível mundial?

... em Londres, 1 em cada 50 ataques cardíacos são provocados pela poluição atmosférica?

... respirar todos os dias o ar das cidades indianas de Bombaim e Nova Deli é o mesmo que fumar 18 cigarros por dia?

Porque será que existem energúmenos que têm como única missão na vida a de destruir a propriedade alheia e a de danificar a imagem dos nossos meios de transporte público?

Porque será que as carruagens dos comboios, os elevadores da Bica e da Glória, entre outros bens comuns semoventes da nossa praça têm de andar rabiscadas, pintadas, grafitadas rua acima, rua abaixo?

Porque será que não há quem promova julgamentos populares e, à falta de haver lugar às mãos decepadas, tenha a missão cívica de pintar os párias responsáveis - roupa, pele, couro e cabelo - com as cores das próprias tintas?

Porque será que temos de aturar as incivilidades de algumas bestas idiotas?

Eu voluntario-me desde já.

... que há razões para não só não nos culpabilizarmos, como também para podermos dizer que o onanismo masculino faz bem à saúde:

A News Scientist anunciou que a masturbação masculina serve como factor inibitório do cancro da prótasta.

É o costume. Volta não volta, ouvem-se os discursos politicamente correctos, dos suspeitos do costume, apontando vícios vários e apedrejando, do alto da sua cátedra, os costumes vigentes e passados.

Hoje, o Portugal dos Pequeninos afirmou que:

Portugal esteve em África com o mesmo propósito com que está numa aldeia do Minho ou de Trás-os-Montes. Paternalista e interesseiro, o "português suave" passeou-se por Angola, Moçambique, menos na Guiné, em Cabo Verde e em São Tomé, criou "raízes" e explorou o que quis e o que não quis. Salazar impunha a célebre miscigenação da raça e o tal "português suave" montou lojas, estaminés e pretas à fartazana para cumprir a vontade da criatura. O resultado é conhecido e foi despejado em contentores nos cais de Lisboa a partir de 1974. Ficou esse lastro de corrupção das nomenclaturas do tosco marxismo-leninismo emergente, a guerra, os golpes de estado e uma profunda e terrível miséria moral e material, sem fim. Uma sublime herança que, um dia, também terá direito ao seu pequeno pedido de desculpas.

Mas um pedido de desculpas, porquê?

Por ter chegado a Àfrica pelos seus próprios meios, de ser tecnologicamente superior, de ter 'conquistado' bens e recursos naturais aos legítimos representantes? Pedir desculpa, à luz da moral do século XXI, por factos acontecidos e actos cometidos sob a vivência do século XV?

Não compreendo.

E compreendo ainda menos quando se sabe que a escravatura europeia tinha o seu início na linha de costa africana, onde os traficantes árabes e africanos largavam a sua mercadoria humana contra a entrega da prata europeia. Basta ver o que sucedeu em Mombassa quando os Omanes e os Suaílis expulsaram os Portugueses em 1698, culminando o processo na grande negociata da família Busaid, activa a partir de Oman em 1744.

Alpers (Alpers, Edward 1967, East African Slave-Trade (Dar-es-salaam: The Historical Association of Tanzania) refere que as grandes rotas terrestres do esclavagismo eram de exclusiva iniciativa africana, servindo os árabes e os suaílis na costa leste africana - foi só no século XIX que estes últimos se começaram a aventurar no interior. Este facto - apesar de ser, em parte, negado pelos novos revisionistas negros, como por exemplo Oscar Beard - é imutável.

PS: e escravos, havia-os também guanches, europeus no Magrebe, turcos e magrebinos na Europa... Deveremos exigir a Marrocos desculpas públicas por ter usado escravos Portugueses? Devemos nós pedir desculpas à Turquia por os nossos antepassados terem aprisionado e escravizado nas galés os otomanos que aqui vinham pilhar a costa?

Platão era um chato - Friedrich Nietzsche

Nietzsche era estúpido e anormal - Leon Tolstoy

Se nos aborrecemos de morte em certos Domingos de chuva, em que nada parece existir que nos possa entusiasmar ou animar, porque será que ansiamos tanto pela Eternidade?

Todos os percursos revolucionários terminam sempre de duas maneiras: ou com opressão ou com heresia.

Albert Camus

... a heresia é apenas uma outra definição para liberdade de expressão?

Se a velocidade máxima em Portugal é de 120 km/h, por raio se vendem carros que atingem 280 e mais?

Fures privatorum furtorum in nervo atque in compedibus aetatem agunt; fures publici in auro atque in purpura - os ladrões dos bens dos particulares vivem na prisão e nos grilhões; os ladrões públicos vivem no ouro e na púrpura.

Marcos Catão
Praeda Militibus Dividenda / Aulo Gélio, Noctes Atticae 11.18

Se só pode haver um Rei, porque raio existirão tantos monárquicos?

Se for um obsessivo-compulsivo, por favor prima a tecla 1 repetidamente.

Se for um co-dependente, peça a alguém para premir a tecla 2.

Se sofre de múltiplas personalidades, por favor prima as teclas 3, 4 e 5.

Se sofre de paranóia, nós sabemos quem é e o que pretende. Por favor, não desligue até conseguirmos fazer a localização da linha telefónica que está a usar.

Se sofre de esquizofrenia, oiça cuidadosamente e uma vozinha irá indicar-lhe qual a tecla a premir.

Se for maníaco-depressivo, tanto se dá que prima qualquer tecla.

Ninguém atenderá.

"(…) E abonançando ho tempo ho governador se partio de Belem a vinte cinco Março de mil & quinhentos & cinco, & el rey foy per mar a velo partir, & esteve ate ver desfirir a frota que se desamarrou com grandes gritas & estrondo de toda sua artelharia & assi da torre.

E indo esta frota polo rio abaixo, mandando os pilotos aos do leme que governassem a bombordo, & a estribordo, como se costuma quando saem dalgum rio, embaraçavan se os marinheiros por não serem ainda versados naqueles vocabulos, principalmente os da caravela de Ioão Home, & quando avião de governar a bombordo que he da mão dereita, governavão a estribordo que he a ezquerda: o que vendo Ioão Home dise ao piloto que fallasse aos marinheyros por vocabulos que eles sabião: & quando quisesse que governassem a estribordo que disesse alhos, & quando a bombordo cebolas; e a cada banda mandou pendurar huma reste destas cousas; & como o piloto falou por aqueles vocabulos não se embaraçarão mais os marinheyros, & governarão dereito. (…)"

In CASTANHEDA, Fernão Lopes de (1979) História do Descobrimento e Conquista da India pelos Portugueses, vol. I. Porto: Editores Lello & Irmão, p. 211

Ao que parece o cronista também precisava de umas résteas de cebolas para não se enganar. Que eu saiba "estribordo" fica na mão direita e não na esquerda…..

Fernão Lopes de Castanheda (1500-1559) nasceu em Santarém e faleceu em Coimbra.

Era filho do licenciado Lopo Fernandes de Castanheda que exercia o cargo de juiz de fora em Santarém. Estudou no Convento de São Domingos e em 1528 partiu para a Índia com seu pai, que tinha sido nomeado ouvidor de Goa. Regressou a Portugal em 1538 e em 1545 foi nomeado bedel do Colégio das Artes, assim como guarda do cartório e da livraria da Universidade de Coimbra.

É nesssa altura que termina a História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses, começada a publicar em 1551 e traduzida para francês por de Nicolau de Grouchy, professor da Universidade.

A História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses foi publicada em oito volumes, saídos entre 1551 e 1561, sendo traduzida, além do francês, para castelhano (1554), italiano (1578) e inglês (1582).

It's a very sobering feeling to be up in space and realize that one's safety factor was determined by the lowest bidder on a government contract.

Alan Shepherd

Em Itália, durante os 30 anos da regência dos Bórgia, existiram guerras, assassinatos e derramamento de sangue infindos. Mas, esses mesmos 30 anos deram-nos Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci e o Renascimento.

Na Suiça, houve amor fraterno, democracia e paz durante 500 anos.

E que nos deram esses 500 anos?

O relógio de cuco!


The Third Man, 1949

A Inglaterra envia para o lixo, todos os anos, alimentos no valor de 571 milhões de euros.

Na América, um quarto de toda a comida produzida não chega a ser consumida.

Porque haveremos nós de compactuar com os zelosos seguranças que, assim que nos observam entrar na mais modesta palhota, nos melgam para que lhes entreguemos o BI?

Com efeito, qualquer pessoa que queira entrar na maioría dos edíficios públicos ou privados é obrigada a deixar o BI na recepção - muitas vezes, os Bi's desaparecem, outras vezes corremos o sério risco dos nossos dados serem copiados, falsificados e utilizados em fraudes mais ou menos lesivas para o inocente cidadão - é necessário relembrar aqui que é sempre o incauto mexilhão aquele que se lixa com éfe grande.

Nunca é demais recordar a Legislação relativa à Retenção de Bilhete de Identidade:

1. A Lei de Identificação Civil em vigor estabelece que a conferência de identidade que se mostre necessária a qualquer entidade (...), efectua-se no momento da exibição do bilhete de identidade, o qual é imediatamente restituído após a conferência, esclarecendo ainda que é vedado a qualquer entidade pública ou privada reter ou conservar em seu poder bilhete de identidade, salvo nos casos expressamente previstos na lei ou mediante decisão de autoridade judiciária.

2. É, assim, ilegal a retenção do bilhete de identidade na portaria de serviços públicos, durante a permanência do visitante nas instalações e como forma de controlar o seu acesso, ainda que autorizado pelo respectivo titular.

3. De acordo com a mesma Lei de Identificação Civil, é punido com uma coima quem, ilegitimamente, retiver ou conservar em seu poder bilhete de identidade alheio.

4. Nestes termos, devem todos os serviços públicos fazer cessar prática de retenção ou conservação do bilhete de identidade nas respectivas portarias, nos casos em que esta se verifique, e adoptar
métodos alternativos para o controlo de visitantes.

Para a próxima, já sabem: levem cópia do papelucho e ameaçem fazer coimar o zeloso Segurança..

Caro cidadão

Estás concerteza fartinho de receber na tua caixa postal envelopes, cartas, missivas, pacotes e outros volumes postais oriundos das mais diversas empresas de marketing directo, divulgação comercial e quejandas...

Gostarias de saber como fazer para te livrares de toda essa papelada sem teres de a amarrotar e de a enviar para o caixote do lixo - gesto tão mais simples e expedito mas tão singularmente pouco requintado?

Gostarias de ter um meio alternativo para, simultaneamente, não só apoiares essa vetusta instituição que dá pelo nome de Correios de Portugal, CTT - hoje em dia em início de crise com a proliferação do correio electrónico - como também o de dares a provar a certos energúmenos um pouco do seu próprio veneno?

Então, caro cidadão, se respondeste afirmativamnete a todas as questões que te foram acima colocadas, não procures mais.

O Anacoreta, do alto da sua sapiência, tem a resposta para as tuas dúvidas.

Eis o procedimento, que tens de seguir, aqui explanado passo-a-passo:

1) Abre o infame envelope.

2) Verifica se contém dentro um outro envelope, de resposta franquiada, mais conhecido envelope de remessa livre, endereçado à entidade emissora:

a) sim, tem: óptimo, passa ao ponto 3.

b) não tem: estamos com azar. Assumindo que, como bom cidadão que és, executas a separação do lixo em casa, insere o envelope e respectivo conteúdo no caixote dos papéis..

3) Acabaste de fazer bingo, excelso cidadão. Procura, na papelada que te enviaram, o local onde está impresso o teu nome e endereço - corta-o ou rasga-o (afinal, estar a dar à empresa mais informações sobre ti, nomeadamente sobre a tua índole guerrilheira, é exactamente o oposto daquilo que se pretende... )

4) Dobra toda a papelada e insere-a dentro do envelope da livre remessa. Tenta inserir o máximo possível daquilo que te enviaram- afinal, quanto mais grosso e pesado for o envelope, mais dinheiro sai dos bolsos dos melgas e mais entra no dos CTT, essa vetusta instituição Poruguesa.

5) Dirige-te ao marco de Correio mais próximo e insere o envelope na ranhura. Bem vindo às novas tácticas da guerrilha urbana.

"As análises efectuadas às águas das margens da lagoa de Melides, afectada pela poluição que matou milhares de peixes e obrigou à interdição a banhos de duas praias, revelaram a presença de herbicidas, anunciou esta noite o Ministério do Ambiente numa nota de imprensa. Dos dois pontos onde foram recolhidas amostras de água, a zona da Ribeira é a que acusou valores mais elevados do herbicida Molinato, produto característico da cultura do arroz, com 3,9 microgramas por litro. Segundo o Ministério do Ambiente, “existe uma proposta de regulamentação, no domínio das boas práticas agrícolas que tem como Objectivo de Qualidade, em águas superficiais, um valor limite de dois microgramas por litro”. No outro ponto de amostragem foi obtido o valor de 1,0 microgramas por litro" - lido aqui.

Não acredito. Não acreditem.

É mentira.

Não houve derrame. É tudo boato.

Não há peixes mortos. Não acreditem. Voltem para casa, folks, aqui não há nada para se ver.

"A Antral, associação de taxistas, desconvocou esta noite a manifestação que havia marcado para amanhã, em Lisboa, para protestar contra o Pagamento Especial por Conta (PEC). O Ministério das Finanças enviou um fax à associação onde diz aceitar a criação de um grupo de trabalho para medir os efeitos da aplicação do PEC, algo reivindicado pelos taxistas." lido aqui.

E porque não juntar todos os assalariados por conta de terceiros, enfiá-los no seu pequeno e respectivo utilitário, bloquear o Terreiro do Paço durante uns meses - qual bivaque de tropas napoleónicas frente a portões de praça sitiada - e dar, finalmente, uso pleno ao glorioso direito de manifestação contemplado na nossa não menos gloriosa Constituição?

Aposto que até se conseguia apurar a marca de boxers da nossa Iron Minister. Com jeitinho, o povo e os taxistas ainda são quem mais ordena...

"Reports of the demise of the Y chromosome and an impending extinction of men may have been exaggerated. The Y's full genome sequence reveals that we have underestimated its powers of self-preservation" - lido algures na Nature.

Parece que estamos perante boas notícias para a preservação do lusitanos costumes da escarradela na calçada, do ajeitar do escroto e do adesão ao Benfica.

A má notícia é a de que, de modo a preservar a sua carga genética, o cromossoma Y tem sexo com ele próprio. Ou seja, caros irmãos em género, somos geneticamente produto da homossexualidade Y.

Prevêm-se adesões en masse à próxima Gay Parade...

O Antunes era um idealista.

Um idealista daqueles, à antiga, um idealista dos quatro costados.

Desde que se conhecia que se envolvia em causas justas, injustas, mediáticas ou desconhecidas, sempre com denodo e abnegação, sempre vestindo a camisola do movimento e suando solidariamente com os outros activistas na prossecução da causa em causa.

Passara, como todo o bom idealista, pelo percurso sinuoso dos partidos com causas.

Fora JCP, depois PCP por causa da idade que apertava, depois PSR por lhe apertar o desencanto com os camaradas atávicos e gerônticos lá da concelhia de Alcochete, e finalmente dera em Bloquista, coisa fina, a arremedar a citadino e urbano. Pena era a bicharia que por lá pululava nas reuniões do Bairro Alto mas enfim, se havia causa que ele defendia era a da livre orientação sexual, sem tabus ou descriminações ou discriminações ou lá como era que a coisa se escrevia que ele não era doutor nem engenheiro e ainda fazia o antigo 7º ano à noite, naquela coisa das unidades capitalizáveis que não havia maneira de acabar e de se lhe ver o fundo à taça. Mas isso são contas de outro rosário. O que interessava era que o Antunes era um idealista dos sete costados.

Se havia manifestação à porta da Assembleia para contestar a Opus Dei, que impregnava de bafio religioso a maior parte dos fascistas dos deputados, e se era preciso reclamar a liberalização do aborto, era certo e sabido que lá estava o Antunes, de cartaz negro na mão, a gritar “Nós também abortámos!” até perder a voz, lá pelo meio-dia e picos, a garganta a pedir o tintol do Cartaxo que o Mestre Nunes guardava religiosamente na taberna da esquina.

Se havia manif contra a Nato e uma marcha pelos povos oprimidos da Papua Nova-Guiné, lá andava o camarada Antunes, de mão dada com o Louçã e o Rosas do cachimbo, a distribuir panfletos do Bloco e a gritar, roufenho – que a voz já não dá para ir à Assembleia e andar nas ruas em manifs todos os dias – “Guerra não, paz sim!”

Mas o Antunes, ultimamente, andava triste. Deprimido até...

As causas, as manifs, as marchas, as acções de protesto, tudo lhe sabia a pouco. Andava entediado, essa é que era essa. Nem a esperada marcha desesperada dos vitivinicultores sobre Lisboa a clamar pelo retorno dos 0,5% de alcoolémia lhe avivava os ânimos. Era o tédio, o País andava a cozer, amodorrado, no banho maria dos seus brandos costumes.

Até que chegou o 11 de Setembro e as Torres foram abaixo. De repente, o Antunes ganhou vida! Todo ele eram cores, afogueamentos, excitações, rua acima, rua abaixo, em confabulações perenes com os activistas seus amigos. Não cabia em si de contente. E tão contente estava que um dia não resistiu e pichou na parede, com letras vermelhas, garrafais “Antes a barbárie que o tédio”.

Antunes era, definitivamente, um idealista.

Se ainda o é, não sabemos. Está em coma no Hospital de Santa Maria, já lá vão duas semanas, depois de ter sido barbaramente espancado por um gang de adolescentes que se entediavam, numa sexta-feira à noite, numa rua do Bairro Alto.

A riqueza dos 225 cidadãos mais ricos do planeta é igual em valor à soma dos rendimentos de 47% da população mundial, ou seja, 2,5 biliões de pessoas.

20% das pessoas mais ricas do planeta consome 75% dos seus recursos naturais.

Todos os dias extinguem-se, em todo o Mundo, 50 espécies de plantas.

"DN, 8/07/03

A população cigana do Bairro da Torre, em Camarate, Sacavém, não tem dúvidas: a morte de um adolescente daquela etnia, no domingo à noite, durante uma perseguição policial, é o resultado de uma vingança. Já segundo a PSP de Lisboa, o jovem foi atingido porque seguia na mala do carro conduzido por um indivíduo - alegadamente o seu pai - , que antes tentara assaltar uma viatura de mercadorias e por isso mesmo era perseguido.

As autoridades garantem que desconheciam o conteúdo da mala e que os vários tiros de advertência (para o ar e para as rodas do automóvel) foram efectuados apenas após o veículo ter avançado na direcção de um dos agentes. Tudo se terá passado por volta das 23 horas de domingo.

Ao ouvir falar em roubo, a vizinhança intervém em defesa de «Louro». «É um pobre coitado. Tem nove filhos e a mulher está outra vez embaraçada. Para arranjar dinheiro para a droga e para dar de comer a todos arranja umas farinhas aqui e umas tábuas ali, para vender».

A indignação dos populares aumenta em relação à assistência médica. Juram a pés juntos que o «garoto não teria morrido se a ambulância não tivesse demorado quase uma hora a chegar»."


O garoto não teria morrido se a ambulância não tivesse demorado quase uma hora a chegar?

Mas que país é este? O garoto não teria morrido se o pai - um cidadão honesto, réprobo, um verdadeiro bonus pater familias, um empreendedor que "para arranjar dinheiro para a droga e para dar de comer a todos arranja umas farinhas aqui e umas tábuas ali, para vender" - não tivesse metido o miúdo - com a fantástica alcunha de o "Ranhoso" - no carro com ele.

E agora o que se faz? Crucifica-se a PSP?

Ou irá a Comunicação Social para a rua, rasgar as vestes virginais, clamando contra a violência nas ruas e na cidade?

A desflorestação e o pastoreio excessivo fazem perder anualmente ao planeta Terra uma área fértil do tamanho da Irlanda.

Mais de um quarto dos habitantes da Terra tem entre 10 e 24 anos de idade. 86% destes jovens vivem em países do Terceiro Mundo.

Se todas as pessoas do Mundo consumirem como as dos países desenvolvidos, precisaremos de mais 4 planetas Terra para nos sustentar.

Na América, 10% do tempo gasto por uma criança a ver televisão, é-o a assistir a programas infantis. Nos restantes 90% vêem programas destinados a adultos. No mesmo país, 35% dos adolescentes têm televisão no quarto e consomem sempre as suas refeições, sozinhos, em frente ao televisor.

O adolescente americano médio vê aproximadamente 23 horas de televisão por semana. Quando criança, passa mais tempo a ver televisão que na escola. Quando perfaz 18 anos, terá assistido a mais de 100.000 actos de violência e a mais de 300.000 anúncios na TV.

O deserto.

A prece.

A lástima.

O estado das coisas.

As coisas do Estado.

O horror.

A vergasta.

Bem vindos.